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9:33pm - 4/9/2
o poema interrompido
em minha boca já esteve língua estrangeira
em minha língua a saliva de uma meretriz
já me entorpeci com o gosto e o cheiro de uma flor
e me abracei a divino anjo para morrer feliz
mas ocorreu que a imigração me deportou
e moça da vida eu não penso em sustentar
flores eventualmente e infelizmente murcham
e os anjos, ah! os anjos, mortais não podem amar
uma vez quis deixar branca de neve morder a maçã
para que de seu sono eu pudesse acordá-la
mas o inútil príncipe minha bela desposou
e com ela casou, sem que eu deixasse de amá-la
certa noite cortei os pulsos e, envolta em sangue, me aguardei morrer
nos campos elíseos vaguei em busca de conhecida flor
me pus em cargo celestial, e no purgatório
soube que minha amada se enforcara por não mais suportar a dor
agora tenho amor por uma linda senhorita
que devia estar internada em manicômio estadual
mas que quer, não sei bem como, estudar psicologia
vida amorosa como a minha, ninguém mais tem, não é normal
mas o mau não são as dores destes meus desamores
nem o tanto de tempo em que estive deprimida
não é tão ruim estar perdida sem ver a saída
o piór de tudo é saber que, outra vez, não sou correspondida
</codeína nikélika>
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"i cannot wait for snow white to come by
this day must be the very best day of my life"
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