1:24am - 7/11/02

negativo verdadeiro positivo

dedos gelados, teu rosto perde calor
o músculo rígido. contração, sinto torpor
ar entra, ar sai. o colo, minha vista atenta
isso me tenta! pulsação, arritmia aumenta

que importa o frio, se este não é ártico, letal
simples métodos liberam energia essencial
mas quero contacto, tocar-te o braço
me agarrar a ti, mas não o faço

o motivo é meu anseio, te quero perto
me atemoriza ver-te longe, a céu aberto
as multidões a perder-te do meu alcance
eu, criatura ríspida. até que alguém me amanse

toco o ombro, quase me morde a mão
mas esta é a utilidade, que outra senão
sim, segurar a caneta, o papel me torna invisível
te trago comigo aqui. bizarro de fato, ato risível

me aporrinha não poder tatear tua nuca
quando teu cabelo preso quase me deixa maluca
me enfurece só me permitir beijar-te a testa
não deixar fazer a festa; isso me molesta

se eu meramente esboçar o beijo que quero dar
posso me ver engasgada com saliva, e babar
mas eu fico a mofar. teu cheiro me deixa grudenta
e quem vir meus caninos assim, me jogará água benta

estou calma, por isso poema pacífico, parado
não me darei ao desfrute de terminá-lo ao teu lado
ou entenderás quando digo que "tudo me atiça"
e que tua pessoa "instiga em mim a cobiça".

continua a me dar estrelas, beijos simbólicos
asteriscos que lembram taraxacos em cenários bucólicos
que quando eu for só alma os devolverei
sem te deixar saber que teus lábios beijei

</codeína nikélika>

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* taraxacos: a flor dente-de-leão

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